Arcadismo
O Arcadismo, também conhecido como
Setecentismo ou Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção
literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz referência à
Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao
semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).
Denota-se, logo de início, as referências à
mitologia grega que perpassa o movimento.
Profundas mudanças no contexto histórico
mundial caracterizam o período, tais como a ascenção do Iluminismo, que
pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte,
ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários
movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do
Brasil, que prsenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da
Família Real em 1808.
O movimento tem características
reformistas, pois seu intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos
hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza
esvair-se e dar lugar a uma nova organizaçõ econômica liderada pelo pensamento
burguês.
Ao passo que os textos produzidos no
período convencionado de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e
aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola, os do Arcadismo,
por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa devido aos
acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo
Ocidental).
Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História
Concisa da Literatura Brasileira (São
Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:
a) poético: retorno à
tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza
e da mitologia.
b) ideológico:
influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da
burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
Seus principais autores são Cláudio Manoel
da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil,
o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a
publicação de Obras, do poeta Claudio
Manoel da Costa.
Arcádia Ultramarina
Trata-se de uma sociedade literária fundada
na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundad em
1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de
pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais
nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na
mitologia grega e romana.
Principais características
- inspiração nos modelos clássicos
greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O
Uraguai (gênero
épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas
Chilenas (gênero
satírico);
- influência da filosofia francesa;
- mitologia pagã como elemento estético;
- o bom selvagem, expressão
do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem
menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;
- tensão entre o burguês culto, da cidade,
contra a aristocracia;
- pastoralismo: poetas simples e humildes;
- bucolismo: busca pelos valores da
natureza;
- nativismo: referências à terra e ao mundo
natural;
- tom confessional;
- estado de espírito de espontaneidade dos
sentimentos;
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da
beleza.
Termos em latim
O uso de expressões em latim era comum no
neoclacisssimo. Elas estavam associados ao estilo de vida simples e bucólico.
Conheça algumas delas:
Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos
pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.
Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;
Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos
centros urbanos monárquicos;
Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do
tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.
Cabe ressaltar, no entanto, que os membros
da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a
eles são atribuídos um fingimento poético,
isto é, a simulação de sentimentos fictícios.
O Arcadismo
No
séc. XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e
decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos
filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que
necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa
criada pela Contra-reforma, nega-se a educação jesuíta
praticadas nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades
humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge
para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o
Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.
Dentre as variedades do neoclassicismo, figurou o movimento arcádico. No final do séc. XVII, fixou residência em Roma a jovem ex-rainha Cristina da Suécia, que renunciara ao trono e ao luteranismo, convertendo-se ao catolicismo. Inteligente e culta, desde a Suécia habituara-se a cercar-se de sábios e artistas, para discussão e leitura de trabalhos literários. Em Roma, atraiu para essas reuniões a fina flor da inteligência local, formando um cenáculo intelectual que, após sua morte, se transformaria na Arcádia (1690). Nasceu , assim, com regulamentos e programas, a nova academia, composta de 16 membros. Tinha o objetivo de reconduzir à fonte da natureza, à simplicidade de sentimento e de estilo, a poesia e, em geral, a literatura, que, na opinião dos seus componentes, estavam desviadas pelos cattivo gusto, herança do seiscentismo. O nome de Arcádia era dado na Grécia antiga à região do Peloponeso, morada do deus Pan, e onde a tradição imaginava residirem todos os pastores com seus míticos e plácidos costumes, em contato com a natureza, onde residiam a beleza, pureza e espiritualidade. Procuravam adoçar a dureza do viver mercê de uma disposição para o canto e a dança, as canções de amor e as pugnas poéticas, caracterizadas pela espontaneidade e simplicidade. Segundo Toffanin, era a pátria da antiga poesia pastoral. Por isso, o nome foi transferido para a academia italiana, acrescentando-se ainda a particular ressonância obtida pelo romance pastoral de Jacopo Sannazareo (1458-1530), intitulado Arcádia (1504). Os membros da nova Arcádia chamavam-se “pastores”, cada um adotando um nome pastoril, grego ou latino, sendo o presidente eleito e designado “guardião geral”.
As reuniões eram realizadas em parques e jardins. No combate ao estilo empolado do Barroco decadente, com sua retórica artificial e suas sutilezas conceptistas, visava o arcadismo ou movimento arcádico retornar à simplicidade, equilíbrio, naturalidade e clareza dos modelos clássicos, restabelecendo a poética antiga, a forma clássica, o buono stile, a naturalezza Del dire, na linha da liberdade e simplicidade anacreôntica e pindárica, ou de conformidade com o petrarquismo quinhentista, cantando o amor, a natureza, a vida simples e bucólica. Do ponto de vista formal, a simples e idílica alma lírica setecentista encontrou no verso solto, nas odes e elegias o instrumento ideal. Criou assim um novo estilo individual e de época, englobando-se no rococó literário.
Além do seu caráter democrático, a Arcádia teve uma tendência supernacional. O movimento de reforma literária e lingüística irradiou-se em filiais pelos diversos reinos e cidades da Itália e em numerosos países estrangeiros, que se denominaram “colônias”.
Da Itália, o movimento arcádico passou a Portugal e ao Brasil. Empenhando que estava Portugal, no séc. XVIII, numa reação anti-castelhana, inclusive como reação paralela a restauração da independência, o movimento arcádico encontrou boa acolhida. As academias do século anterior foram-se transformando em corporações, do tipo ora arcádico, ora científico. De qualquer modo, no sentido da tradição clássica e também abrindo-se à influência francesa, que invadia o século.
Em Portugal, o arcadismo instalou-se com a Arcádia Lusitana (1756-1774),
reunindo escritores de renome: Antônio Dinis da Cruz e Silva, Gomes de
Carvalho, Manoel de Figueiredo, Cândido Lusitano, Domingos dos Reis Quita, Correia
Garção, José Caetano de Mesquita. Houve, ainda, a nova Arcádia, no final do
século XVIII, de que foram membros Bocage e José Agostinho de Macedo.
Com o arcadismo desenvolve-se no Brasil a primeira produção literária adaptada
à realidade
nacional. As obras começam a se afastar dos modelos portugueses ao descrever as
paisagens locais e criticar a situação política do país. Surgem vários poetas
em Vila Rica, atual Ouro Preto (MG) – capital cultural e centro de riqueza na
época –, grande parte deles ligada à Inconfidência Mineira. Os árcades
constituem a primeira geração de escritores brasileiros.
A transição do barroco para o arcadismo no país dá-se em 1768, com a publicação
do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Entre os árcades destacam-se,
ainda, Tomás Antônio
Gonzaga, autor de Marília de Dirceu; Basílio da Gama (1741-1795), de O Uraguai;
e Silva Alvarenga (1749-1814), de Glaura. Apesar do engajamento pessoal, a
produção desses autores não está a
serviço da política. Dentre as variedades do neoclassicismo, figurou o movimento arcádico. No final do séc. XVII, fixou residência em Roma a jovem ex-rainha Cristina da Suécia, que renunciara ao trono e ao luteranismo, convertendo-se ao catolicismo. Inteligente e culta, desde a Suécia habituara-se a cercar-se de sábios e artistas, para discussão e leitura de trabalhos literários. Em Roma, atraiu para essas reuniões a fina flor da inteligência local, formando um cenáculo intelectual que, após sua morte, se transformaria na Arcádia (1690). Nasceu , assim, com regulamentos e programas, a nova academia, composta de 16 membros. Tinha o objetivo de reconduzir à fonte da natureza, à simplicidade de sentimento e de estilo, a poesia e, em geral, a literatura, que, na opinião dos seus componentes, estavam desviadas pelos cattivo gusto, herança do seiscentismo. O nome de Arcádia era dado na Grécia antiga à região do Peloponeso, morada do deus Pan, e onde a tradição imaginava residirem todos os pastores com seus míticos e plácidos costumes, em contato com a natureza, onde residiam a beleza, pureza e espiritualidade. Procuravam adoçar a dureza do viver mercê de uma disposição para o canto e a dança, as canções de amor e as pugnas poéticas, caracterizadas pela espontaneidade e simplicidade. Segundo Toffanin, era a pátria da antiga poesia pastoral. Por isso, o nome foi transferido para a academia italiana, acrescentando-se ainda a particular ressonância obtida pelo romance pastoral de Jacopo Sannazareo (1458-1530), intitulado Arcádia (1504). Os membros da nova Arcádia chamavam-se “pastores”, cada um adotando um nome pastoril, grego ou latino, sendo o presidente eleito e designado “guardião geral”.
As reuniões eram realizadas em parques e jardins. No combate ao estilo empolado do Barroco decadente, com sua retórica artificial e suas sutilezas conceptistas, visava o arcadismo ou movimento arcádico retornar à simplicidade, equilíbrio, naturalidade e clareza dos modelos clássicos, restabelecendo a poética antiga, a forma clássica, o buono stile, a naturalezza Del dire, na linha da liberdade e simplicidade anacreôntica e pindárica, ou de conformidade com o petrarquismo quinhentista, cantando o amor, a natureza, a vida simples e bucólica. Do ponto de vista formal, a simples e idílica alma lírica setecentista encontrou no verso solto, nas odes e elegias o instrumento ideal. Criou assim um novo estilo individual e de época, englobando-se no rococó literário.
Além do seu caráter democrático, a Arcádia teve uma tendência supernacional. O movimento de reforma literária e lingüística irradiou-se em filiais pelos diversos reinos e cidades da Itália e em numerosos países estrangeiros, que se denominaram “colônias”.
Da Itália, o movimento arcádico passou a Portugal e ao Brasil. Empenhando que estava Portugal, no séc. XVIII, numa reação anti-castelhana, inclusive como reação paralela a restauração da independência, o movimento arcádico encontrou boa acolhida. As academias do século anterior foram-se transformando em corporações, do tipo ora arcádico, ora científico. De qualquer modo, no sentido da tradição clássica e também abrindo-se à influência francesa, que invadia o século.
Características
Urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades fugere
defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural,
junto ao campo, distantes dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo
pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a
civilização corrompem os costumes do homens, que nasce naturalmente bom.
Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente mas rica em realizações
espirituais)
outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma
vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e infeliz na cidade.
Ideas iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o absolutismo. Embora não sejam a preocupação central da maioria dos poetas árcades. Idéias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em apens alguns textos da época.
Ideas iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o absolutismo. Embora não sejam a preocupação central da maioria dos poetas árcades. Idéias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em apens alguns textos da época.
Convencionalismo amoroso: na
poesia árcade, as situações são artificiais;não é o próprio poeta quem fala de
si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é
um pastor que confessa seu amor pr uma pastora e a convida para aproveitar a
vida juntos à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades
diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma
mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso
ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos
sentimentos, levando o poeta a racionaliza. Ou seja, o que mais importava ao
poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas
clássicos, e não expressar os sentimentos. Além disso mantém-se o
distanciamento entre os amantes, que já se verifica na poesia clássica.
Conclusão
O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.
Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.
Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.
Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.
O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.
Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.
Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.
Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.
Autores do Arcadismo
José Inácio de Alvarenga
Peixoto (1743-1792)Nome Árcade: Eureste Fenício
Autor de "Obras Poéticas", coletânea de poesias. Destaque para os poemas Bárbara Heliodora.
Frei José de Santa
Rita Durão (1722-1784)
Autor do Poema Épico "Caramuru", que exalta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814)
Nome Árcade: Alcindo Palmireno
Autor do Poema Heroico-Cômico "O Desertor das Letras", que fala sobre as reformas universitárias pombalinas.
José Basílio da Gama (1741-1795)
Nome Árcade: Termindo Sipílio
Autor do Poema Épico "O Uraguai", que narra a luta dos índios de Sete Povos da Missão no Uruguai.
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Nome Árcade: Glauceste Satúrnio
Autor do Poema Épico "Vila Rica" (1837), que narra a história de Vila Rica, atual Ouro Preto.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Nome Árcade: Dirceu
Autor dos Poemas Satíricos "Cartas Chilenas", que satiriza a arbitrariedade do Governador de Minas Gerais na época da Inconfidência. Também escreveu a Poesia Lírico-Amorosa "Marília de Dirceu".
Autor do Poema Épico "Caramuru", que exalta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814)
Nome Árcade: Alcindo Palmireno
Autor do Poema Heroico-Cômico "O Desertor das Letras", que fala sobre as reformas universitárias pombalinas.
José Basílio da Gama (1741-1795)
Nome Árcade: Termindo Sipílio
Autor do Poema Épico "O Uraguai", que narra a luta dos índios de Sete Povos da Missão no Uruguai.
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Nome Árcade: Glauceste Satúrnio
Autor do Poema Épico "Vila Rica" (1837), que narra a história de Vila Rica, atual Ouro Preto.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Nome Árcade: Dirceu
Autor dos Poemas Satíricos "Cartas Chilenas", que satiriza a arbitrariedade do Governador de Minas Gerais na época da Inconfidência. Também escreveu a Poesia Lírico-Amorosa "Marília de Dirceu".